Estimulado pelos indicadores de performance da educação, mais uma vez o Brasil mergulha em uma ampla discussão sobre as necessidades e soluções para o fraco desempenho de alunos, professores, escolas e universidades em todo o país.
Revista Poder Digital - por Maurício Curi
Calma! Não vai ser eu quem despejará em sua cabeça mais números sobre a ineficácia das instituições de ensino, ou mesmo do governo (ou seria a eficácia do desgovemo?). Vou apenas descrever como recebi o boletim escolar de minha filha e os efeitos analíticos que eletem causado desde então. Ao pegá-Io, foi fácil notar o diferencial do importante documento que, dividido em duas claras partes, trazia as notas de minha filha na primeira, seguidas pelas "Estatísticas porcentuais do 2º ano do Ensino Médio". Confesso não ter me surpreendido com as notas medianas de minha filha, marca caracteristica da prole que bem conheço e que ela carrega do DNA de seu pai (tadinha!), Mas a segunda metade da folha deixou-me de boca aberta depois de conferir o tratado sobre a média de todos os alunos que cursam o segundo ano em tão importante escola paulistana. Foi aí que não resisti e decidi publicar este artigo para compartilhar as reflexões.
Apesar de saber que a nota mínima para aprovação escolar é cinco, não consigo admitir a formação de pessoas com míseros 50% de aproveitamento. Em toda a minha carreira de 25 anos de trabalho em organizações do mundo real, nunca vi alguém ter sucesso com índices de desempenho tão baixos. Na indústria de alimentos, por exemplo, ter rendimento de 50% é o mesmo que jogar a metade dos produtos produzidos no lixo. Na agropecuária seria o mesmo que criar dois bois e ter apenas um cupim. Na automobilística equivale a produzir dois automóveis para vender um, o que obrigaria o consumidor a pagar dobrado pela aquisição de apenas um veículo. Essa seria a regra do "pague dois e leve um". Mas não é isso que ocorre na prática, não é!
Em educação é diferente. Dentro das paredes da escola, o mundo real não influencia as variáveis do ensino onde tudo é possível e viável. Nesse ponto do artigo convidei minha filha para brincar de faz de conta e supor as características do mundo real aplicadas à escola dela. Então, em conformidade com as regras do jogo proposto, para educar os alunos com o desempenho exigido na maioria das organizações onde eles irão trabalhar, deveríamos elevar a média mínima para aprovação escolar de medianos cinco para desafiadores oito. Que tal essa proposta?
• O mundo
De fato, entender o movimento de globalização e saber diferenciá-Ia da multinacionalização facilita muito a vida de quem deseja crescer e usufruir o "melhor", independentemente de língua, raça ou condição social. O capital humano é um patrimônio global sem passaporte que pode ser ativado em qualquer canto do planeta a qualquer momento, graças às facilidades do mundo digital. Mas o atual modelo educacional pratica do no Brasil impõe-se como um grande limitador para todos nós, pois impacta na formação de minha filha e de todos aqueles que frequentam uma sala de aula.
Insistir em um modelo completamente expirado para os jovens de hoje, que voam livres pelos veículos digitais de relacionamento e de intercâmbio de conhecimentos, é como receitar remédio vencido para doentes terminais. Estamos passando por mais um daqueles casos de muito-papo-e-pouca-ação que imprimem à nação o verdadeiro descompasso frente àqueles com quem éramos comparados, tais como China e Índia. Continuar a investir "nessa educação" não é a solução, certamente. Inovar é preciso!