Para enfrentar a concorrência, leva vantagem quem combina sólida formação acadêmica, domínio de tecnogias e até trabalho voluntário.
Revista Você S/A - por Alexandra Gonsalez
Os aspirantes ao posto de trainee costumam encarar o segundo semestre como um exercício de guerra. De um lado está o jovem universitário ou recém-formado. Do outro, as empresas que buscam os candidatos que assumirão cargos de liderança no futuro. Entre os dois, há um campo minado de provas, testes online e entrevistas. A concorrência é pesada: muitas vezes a relação candidato-vaga chega perto de 2.000 pessoas. É preciso ter nervos de aço para encarar seleções que podem durar mais de quatro meses. A tática de sobrevivência de Camila Dinardi, de 24 anos, engenheira de produção e trainee da Unilever, foi ter um objetivo bem claro e definido da área em que pretendia atuar. Ela concorreu com 48.000 candidatos e conquistou uma das 30 vagas do programa em fevereiro de 2010. "Participei de outro processo, mas só para ver como era. Não recomendo atirar para todos os lados", diz. Camila descreve as etapas finais, com as dinâmicas de grupo e entrevistas com os diretores, como as mais duras da seleção. "Percebi o quanto eram bons os meus concorrentes. Mas mantive a calma e mostrei meus diferenciais com muita humildade e respeito aos demais."
Atualmente o comportamento dos candidatos é levado a sério pelos recrutadores - arrogância ou insegurança são traços indesejáveis. "São típicos de chefes déspotas e são facilmente detectáveis durante o processo seletivo. Esses candidatos são descartados", afirma Mareio Vinycius Pereira, consultor da Cia de Talentos. Dois quesitos valorizados são o preparo dos jovens e a formação cultural. Priscila de Azevedo Costa, coordenadora do departamento de carreiras da Veris Faculdade, do Grupo Ibmec, de Minas Gerais, conta que muitos jovens recorrem ao serviço de coaching da instituição, onde são feitas simulações dos testes, das entrevistas e até dos jogos online que as companhias costumam utilizar. "Eles se sentem mais seguros e mais bem preparados durante a seleção real", diz a coordenadora.
Marcio, da Cia de Talentos, explica que tamanha disputa tem justificativa: "O programa de trainee é a porta da frente para um grande plano de carreira". Contudo, afirma o consultor, o candidato precisa mostrar que é globalizado, sabe lidar com as ferramentas de tecnologia, tem ótima formação acadêmica e diferenciais suficientes para ganhar uma chance de crescer dentro de uma corporação de grande porte (veja quadro ao abaixo). E faz um alerta: "Quem vai atrás apenas da maior remuneração se frustra. É preciso conhecer e se identificar com os valores e com a cultura da empresa, até para ser aprovado em algumas etapas do processo seletivo".
• 9 características que valem uma vaga
Para se dar bem no processo seletivo, confira os aspectos que são considerados desejáveis pelas empresas e consultores de RH.
- Faculdade conceituada: As empresas não dizem com todas as letras, mas afirmam que uma formação acadêmica sólida faz a diferença. Ou seja, ter sido aluno de uma faculdade de primeira linha, como as estaduais, federais e algumas seletissimas particulares, pode somar pontos.
- Inglês fluente: A maioria das organizações exige fluência no idioma de Shakespeare, o que deve ser comprovado nos testes virtuais e nas entrevistas. Nas rnúltis, há muitas oportunidades de treinamento no exterior.
- Vivência no exterior: Não ê mandatório, mas o intercâmbio no exterior também conta pontos. "É um fator que demonstra flexibilidade e interesses diversos da pessoa", diz Thiago Porto, gerente de gente da cervejaria Ambev.
- Autoconhecimento: Nem todo aluno brilhante tem o perfil adequado para ser trainee em uma empresa altamente competitiva. "Acho saudável quando há pequenas desistências no meio do processo. "O candidato sofreria mais se fosse escolhido e não tivesse um bom desempenho", diz Eliana Ponzio, gerente de desenvolvimento de talentos da Unilever.
- Comprometimento: O trabalho voluntário em uma ONG, por exemplo, é bem-visto pelos selecionadores, pois expressa comprometimento com a sociedade. Esse é um item que vem ganhando mais peso nas seleções para trainees.
- Domínio tecnológico: Elaborar blogs, gravar videos e administrar a linha de produção de uma fábrica por meio de jogos virtuais que lembram o clássico SimCity são ferramentas que fazem parte do arroz com feijão dos processos seletivos. Prepare-se para lidar com elas.
- Sim, os valores: Se você se identifica com uma companhia, invista nela. "Quando o candidato entende que os valores da organização são os mesmos que os seus, tudo fica mais fácil", diz Úrsula Angeli, RH da Whirlpool, fabricante da Brastemp.
- Brilho no olhar: Pode parecer subjetivo, mas esse item tem sido o fator de desempate nas etapas finais de diversos processos. "Buscamos jovens que tenham em sua história de vida algumas realizações importantes como cidadãos", diz Adriano Lima, diretor de gestão corporativa de pessoas do Itau-Unibanco. Para ele, o brilho nos olhos ê uma energia que inspira os outros.
- Humildade: Há candidatos que chegam às etapas finais da seleção se sentindo &quo ot;a cereja do bolo". Não caia nessa. A maneira como você se relaciona com as pessoas pode garantir seu sucesso.