A pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil", divulgada no final do mês de março e encomendada ao Ibope pelo Instituto Pró-Livro, apresentou números preocupantes e reveladores: 75% da população brasileira jamais pisou em uma biblioteca, apesar de 71% desse contingente ter fácil acesso a uma biblioteca pública, mas o uso frequente desse espaço caiu de 11% em 2007 para 7% em 2011.
Revista Escola particular - por Benjami. Ribeiro da Silva
Para mostrar as preferências dos brasileiros com relação à leitura, podemos destacar que 53% dos entrevistados apontam as revistas como as preferidas na hora da leitura; 48% escolheram os jornais na hora de praticar a leitura; 47% dos consultados apontam os livros, indicados ou não pela escola, sendo a Bíblia a obra mais lida (42%). Como lazer, 85%
preferem ver TV contra 77% da pesquisa de 2007; 38% dos brasileiros preferem usar o tempo com vídeos e DVDs, número que era de 29% na pesquisa anterior. E mais, 24% dos consultados preferem navegar pela web, mas sem ler textos por prazer ou para se informar - a taxa era de 18%.
A leitura é um fator primordial para um país que quer aprimorar a educação e que possui 14 milhões de analfabetos de 7 a 14 anos de idade. Aliás, é com a educação - e somente com a educação - que podemos e devemos almejar uma nação próspera e desenvolvida, dando plena capacidade de raciocínio e inteligência aos jovens. Se por um lado o Brasil melhora sua situação econômica, os números mostram que ainda falta muito para nos colocarmos em posição de igualdade com países desenvolvidos na área de educação e leitura.
Estudos do Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e no Caribe (Cerlalc) apontam que os argentinos são os maiores leitores de livros da América Latina, já os
chilenos e peruanos aparecem como os principais consumidores de revistas e jornais, respectivamente, mas todos leem muito pouco e mais por necessidade do que por prazer, como acontece no Brasil.
A pesquisa mostra que as diferenças mais significativas entre os leitores da Espanha e dos seis países latino-americanos estudados (Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Peru e México) estão relacionadas aos motivos para exercer a leitura. Enquanto na Espanha 85% da população afirma ler por prazer, na América Latina os motivos mais citados são as atualizações culturais, os conhecimentos gerais e, principalmente, as exigências escolares, acadêmicas e trabalhistas.
No Brasil, as facilidades oferecidas para a leitura melhoraram muito, inclusive com as bibliotecas virtuais que surgem como uma forma de democratizar as informações em todo o mundo, e isso se transforma em um grande aliado de professores, alunos e da população em geral. Nelas são encontradas obras que custam caro e que ainda não estão disponíveis nas escolas ou bibliotecas dos municípios. Como se vê o que falta mesmo é o hábito de leitura para o brasileiro em especial.
De nossa parte, como educadores, temos que fomentar campanhas de leitura para que possamos alcançar níveis aceitáveis, melhorando assim a condição de ensino e de aprendizagem da população brasileira. Devemos isso aos jovens, pois temos um excelente parque gráfico de produção de livros, revistas e jornais, o que falta é hábito e disposição e cabe-nos a missão de incentivá-los.
* Presidente do Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo) E·mail: [email protected]