Jornal Folha de São Pauo
Outro componente do sal de cozinha está em díscussão pelas autoridades de saúde. A Anvisa está propondo reduzir a quantidade do elemento químico iodo no sal para uma média de 15 a 45 mg de iodo a cada quilo do produto. A norma atual diz que o sal deve ter de 20 a 60 mg de iodo a cada quilo. Deficiência de iodo é a causa mais comum de retardo mental capaz de ser prevenida. E a maneira internacionalmente usada para prevenir isso é adicionar pequena quantidades de iodo no sal. Trata-se da mais simples e barata medida de saúde pública do planeta.
Além de reduzir o retardo mental e a surdo-mudez em crianças, o iodo evita o bôcio (aumento do volume da glândula tireoide). Mas, como o brasileiro um voraz comedor de sal, algumas pessoas poderão estar ingerindo bem mais iodo do que o necessário. E, em vez de ajudar o funcionamento da tireoide, o excesso de iodo pode ser deletério. Isso pode levar a casos de tireoidite de Hashimoto, doença autoimune caracterizada pela inflamação da tireoide. Seus sintomas são fadiga crônica e ganho de peso. "O sal iodado tem interfeência direta na tireoide, e a tireoide no coração", diz o médico Ricardo Pavanello, do Hospital do Coração. A tireoide hiperativa gera toxicidade que afeta o coração.
"Reduzir o iodo é uma boa ideia da Anvisa", diz o médico nutrólogo Celso Cukier, presidente da Sociedade Brasileira de Nutrição Clínica . Uma opção para algumas pessoas é utilizar o chamado "sal light", com teor de sódio reduzido, no qual parte do cloreto de sódio é substituído por cloreto de potássio. "Mas o sal light não vai resolver o problema populacional. É mais caro, tem menor disponibilidade e não resolve o problema de mudar o hábito como um todo", diz.