Jornal Folha de São Paulo
Astúcia, falsidade, crueldade. Essas são “capacidades” determinadas biologicamente e que prevalecem nos líderes — seja no esporte, na política ou na economia.
É o que propõe Adolf Tobeña em “Cérebro e Poder”, ciente do desconforto que a ideia pode causar. E a discussão no livro do diretor do departamento de psiquiatria e medicina legal da Universidade Autônoma de Barcelona vai além.
Segundo o autor, as características mais marcantes dos líderes são definidas, em grande medida, pelos níveis de testosterona (principal hormônio sexual masculino) do organismo. A testosterona é “o núcleo do poder”, diz Tobeña, que destaca, ainda que em nota de rodapé, que ela também é produzida nas mulheres.
“Quase ninguém confessa que o que realmente lhe importa é triunfar, dominar ou influenciar", afirma o autor.
Os hormônios- e a atividade cerebral— são apontados como causa dos padrões de comportamento.
Segundo o autor, diversos estudos mapearam o vínculo consistente entre a testosterona e a liderança em humanos, mas foram sistematicamente maquiados pelos próprios pesquisadores. “A ânsia em preservar a exceção dos humanos levou à pura e simples autocensura.”
Para Tobeña, um dos caminhos que a neurociência ainda tem a percorrer é a pesquisa sistemática do carisma —“atributo crucial” do líder.