O presidente da Korn/Ferry para a América Latina, Ségio Averbach fala das oportunidades para executivos e dos desafios para as empresas este ano.
Revista Você S/A
Você S/A - Esse vai ser um bom ano para a contratação de executivos?
Ségio Averbach - A procura por executivos para a alta gerência vai continuar crescendo como um reflexo do desempenho da economia. Com a expansão dos negócios de diversos setores e da continuação da entrada de novas empresas no Brasil, haverá mais vagas no alto escalão. O problema não é a falta de emprego, mas sim a falta de talentos.
Você S/A - Também existe uma crise de talentos no nível de direção?
Ségio Averbach - Sim, esse fenômeno foi acentuado em 2010 e vai perdurar este ano, tornando-se um desafio maior para as empresas no Brasil. Mais do que em outras partes do mundo justamente pelo fato de o país ser um destino de investimentos mais interessante do que outros lugares.
Você S/A - Qual o perfil de líderes as empresas procuraram?
Ségio Averbach - De pronto, elas querem alguém que entenda profundamente o negócio e, para o futuro imediato, alguém que crie o novo, que seja capaz de inovar. O primeiro perfil é bastante comum no mercado e fácil de desenvolver. Já o segundo, não. Isso vai colocar uma pressão adicional nas grandes corporações.
Você S/A - O Brasil está mais atraente para os brasileiros que vivem no exterior e querem voltar a trabalhar aqui?
Ségio Averbach - Certamente. Durante 2010 tivemos um aumento considerável de brasileiros residentes no exterior e também de estrangeiros nos consultando sobre oportunidades para vir trabalhar no Brasil. O aumento no número de consultas foi de 50% em relação a 2009.
• Análise de setores
- Financeiro
SEGUE EM ALTA
Haverá maior demanda por profissionais de crédito, de banco de investimentos e seguros com a chegada de novas instituições financeiras do exterior. Os engenheiros têm alta empregabilidade no setor, que tem a remuneração como diferencial.
- Petróleo e gás
A TODO VAPOR
Com os investimentos no Brasil, por causa do pré-sal, as empresas do segmento devem continuar a recrutar técnicos e engenheiros.
- Saúde
BOM PARA GESTOR
As farmacêuticas, as seguradoras (saúde e previdência) e os grandes hospitais deverão continuar crescendo por causa do envelhecimento da população, do aumento da expectativa de vida e do maior poder de compra do brasileiro, o que beneficia as seguradoras de saúde em especial. O segmento está investindo na profissionalização da gestão. Há vagas para executivos.
- Sustentabilidade
OS CABEÇAS VERDES
Mais empresas estão investindo na área de meio ambiente, que atualmente leva o nome de sustentabilidade. Setores expostos a grandes riscos, como petroquímico, mineração e siderurgia, possuem equipes reduzidas de gestão do meio ambiente e devem ampliar o quadro de funcionários. "A área financeira e as construtoras vêm investindo mais - na contratação", diz Braulio Pikrnan, diretor técnico da consultoria ambiental ERM Brazil. Os profissionais mais procurados por empresas ou consultorias devem ter conhecimento sobre a construção de um inventário de emissão de carbono, reciclagem de materiais e gestão de risco.
- Agronegócio
EMPREGO NO CAMPO
Haverá uma gradual demanda por competências gerenciais nas empresas agrícolas e de açúcar e álcool, dado que historicamente são indústrias que sempre fizeram baixo investimento na formação da liderança. A valorização de algumas commodities, como trigo, milho, soja, carne bovina, frangos e suínos, vai acelerar a geração de empregos no campo e impactar toda a cadeia.