O discurso do apagão de talentos está mascarando uma incompetência das empresas.
Revista Você S/A - por Murilo Ohl
O assunto mais discutido no mercado de trabalho no Brasil, hoje, é a falta de profissionais qualificados. Isso é verdadeiro para algumas carreiras, como os engenheiros de minas ou profissionais que trabalham no setor de óleo e gás. Porém, as áreas de recursos humanos de muitas em presas têm usado o discurso do apagão de talentos para maquiar uma deficiência no processo de recrutamento: a falta de comunicação adequada para atrair jovens. Ao usar filtros antigos na seleção, as companhias são incapazes de detectar as qualidades dos profissionais em início de carreira, que acabam barrados. Ou seja, perdem pessoas e empresas. Nos últimos três anos, Paula Giannetti, superintendente de RH do Santander, liderou um projeto que redefiniu a estratégia do banco na comunicação com os jovens e revelou algumas verdades inconvenientes sobre a falta de mão de obra. Veja quais são elas:
Tres Conclusões do Santander
1 - Existe gente no mercado
Todos os anos, as universidades brasileiras formam, em média, 800 000 profissionais. Não há sentido em falar sobre falta de gente.
"Temos 5 milhões de jovens universitários", diz Paula.
2 - Treinamento resolve
É verdade que muitos chegam ao mercado com deficiências de formação. Mas isso pode ser corrigido com treinamento adequado.
3 - Requisitos certos
Antes do projeto, o Santander recrutava 30 jovens por ano em um programa de trainee. Os filtros eram: universidade top de linha, currículo e língua estrangeira. No ano passado, o banco recrutou 650 jovens,usando os seguintes filtros: capacidade de aprender e habilidade de criar relacionamentos e se desenvolver via web.