Autocontrole depende de uma recompensa futura e até mesmo de sua genética.
Revista Galileu
O que impede você de passar uma rasteira na mulher distraída que pegou a vaga pela qual você esperava no estacionamento não é só boa educação. Autocontrole é, sim, aprendido ao longo da vida, mas depende de mais questões. A primeira é a aprendizagem. O indivíduo aprende a se controlar por causa de alguma situação parecida que já viveu - uma questão de maturidade. A cultura define essa reação também, dependendo do grau de repressão da sociedade em que se é criado. E há o fator biológico, pois variações genéticas alteram o comportamento. "Autocontrole depende de uma escolha que custa perdas momentâneas, mas promove uma recompensa no longo prazo", diz Rodrigo Nunes Xavier, terapeuta comportamental. "É como negar um bolo agora para ter um corpo bonito depois ou deixar de brigar com o namorado agora para manter um relacionamento saudável."
Dentro do cérebro, a capacidade de segurar a onda diante de situações irritantes envolve um trabalho conjunto da amígdala cerebral (que identifica situações de perigo), do lóbulo frontal (responsável por determinar nossas ações) e do hipocampo (relacionado à memória). "O mau funcionamento de alguma dessas regiões pode alterar o autocontrole", afirma Thaís Minetti, neurologista e professora adjunta do departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Algumas pessoas têm problema numa situação focada, mas há uma série de transtornos de humor que envolvem a capacidade de se controlar", diz Xavier, citando o transtorno bipolar e o borderline (que envolvem variações extremas de humor) e a cleptomania (urgência de roubar coisas). "Nestes casos é necessário usar medicação para resolver o problema", afirma Thaís.