Revista Scientific American
Para ver, ouvir ou sentir é necessário que as informações captadas pelos órgãos dos sentidos passem pelo tálamo para chegar a outras áreas do cérebro. Em seguida, o centro operacional do diencéfalo distribui os sinais. No entanto, no tálamo há proporcionalmente menos neurônios. Mesmo assim, essas células neurais possibilitam a audição. Um estudo publicado na Science, coordenado pelo pesquisador Hsi-Ping Wang, da Universidade da Califórnia em San Diego, pode ter uma explicação para esse processo. Segundo os cientistas, as células do tálamo apresentam um timing extremamente bom: elas driblam a confusão de outros sinais neurais recebidos simultaneamente com impulsos altamente sincrônicos, permitindo que os sons sejam apreendidos.
Os biólogos desenvolveram um modelo computacional com base em dados de medições anteriores feitas em gatos para avaliar os índices de excitação dos neurônios no córtex visual primário; constataram que cada uma das células cerebrais mantém milhares de conexões com estruturas vizinhas do córtex cerebral, mas tem poucas ligações com neurônios do diencéfalo. Os estímulos sensoriais que vêm dele, porém, conseguem se impor sobre o "ruído ambiente" - na medida em que diversas células do tálamo sempre se ativam de forma exatamente sincrônica. Aparentemente, a atividade exata de cinco neurônios já é suficiente para influenciar o sinal que sai de uma única célula.
Comparando o processo auditivo ao visual, Wang explica que os impulsos que chegam ao diencéfalo partindo da retina não estão completamente sincronizados. Aparentemente, a central de operações no tálamo funciona como uma espécie de filtro de estímulos menos importantes: apenas os mais fortes podem desencadear um conjunto de sinais comuns e receber atenção no cérebro.