Pesquisa mostra que áreas cerebrais danificadas podem ser reparadas.
Jornal Folha de São Paulo - por Ricardo Bonalume Neto
O objetivo distante de um dia "consertar" danos no cérebro ficou mais próximo graças a um estudo com camundongos. Células nervosas imaturas retiradas de embriões de camundongos saudáveis foram transplantadas em animais adultos morbidamente obesos e fizeram com que perdessem peso.
A equipe de sete pesquisa dores coordenada por Jeffrey Macklis, da Universidade Harvard, de Cambridge, EUA, retirou neurônios imaturos do hipotálamo dos embriões de camundongo e implantou nessa mesma região do cérebro de animais adultos que não usavam o hormônio leptina para regularizar o peso.
Os neurônios jovens transplantados amadureceram e conseguiram criar conexões funcionais ligadas à sinalização no cérebro da leptina. Os camundongos ficaram até 30% mais magros. O estudo foi "formulado como uma prova do conceito do reparo celular preciso de circuitos no cérebro e medula espinhal de mamíferos", diz o líder da equipe, Macklis.
"Mas nem por um momento se pensou em usar o transplante de neurônios para tratar obesidade", explica. O circuito da leptina foi usado por ser um ótimo modelo de estudo no nível celular, no fisiológico e no comportamento dos animais. E o estudo, publicado na revista "Science", demonstrou que é possível "religar" os circuitos em uma área cerebral que não experimenta esse tipo de neurogênese.
Ainda é cedo para que esse tipo de estudos leve a terapias em seres humanos que sofreram lesões no cérebro. Mas a pesquisa indicou que uma área complexa do órgão pode ser reparada.